sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


19/12/2011 - 14h44min

Morte de José Cláudio Machado

Em Guaíba, enterro do cantor e compositor aconteceu em clima de forte emoção.
Morte do artista comoveu o Rio Grande do Sul
O músico nativista José Cláudio Machado faleceu na tarde de segunda-feira, 12, no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, onde estava internado, desde junho, devido a enfisema pulmonar. Ele completou 63 anos em 17 de novembro deste ano. O velório ocorreu na Câmara de Vereadores de Guaíba, e o enterro foi na manhã de terça-feira, 13, no Cemitério Municipal. O prefeito de Guaíba, Henrique Tavares, decretou luto oficial de três dias pela morte do cantor. Natural de Tapes, José Cláudio era casado com Mirian Elizabete Quadros Machado e morava em um sítio, em Guaíba, desde 1986.
Consagração
Em 1972, José Cláudio Machado foi o grande vencedor da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, na segunda edição do Festival, hoje considerado patrimônio cultural do Rio Grande do Sul. A canção “Pedro Guará”, que lhe deu a Calhandra de Ouro, foi composta em parceria com Cláudio Boeira Garcia e se tornou uma das mais conhecidas de seu vasto repertório. Com essa canção, levou Os Serranos a conquistar um Disco de Ouro em 1986. Foi o primeiro disco de grupo nativista a vender mais de cem mil cópias. Como gaiteiro, foi dos incentivadores do músico Borghetinho.
Compositor e instrumentista, Zé Cláudio também ficou conhecido por interpretações como “Pelos”, “Milonga Abaixo de Mau Tempo” e “Campesino”. Ele tocou também com Os Tapes, Bebeto Alves, Luiz Marenco e Mauro Moraes, e gravou 14 CDs. Em 2004, revisitou sua carreira com o trabalho “No Meu Rancho”, gravado em seu sítio, em Guaíba. O último CD “Os Melhores Sucessos de José Cláudio Machado” foi gravado em 2007. Em 2010, fez sua última apresentação em comemoração aos 84 anos de emancipação do município de Guaíba, em 14 de outubro, durante a 14ª Expofeira Centro Sul, no Ginásio Coelhão. O músico foi um dos idealizadores do Parque da Harmonia, hoje identificado como reduto dos tradicionalistas, sobretudo no período que antecede o 20 de setembro.
Reculuta da Canção Crioula
“Para mim, a Reculuta e Zé Cláudio estão completamente interligados”, declarou o presidente da Associação Cultural Reculuta (ACR), Cesar Cattani, ainda emocionado pela perda do músico e amigo. “Pelos”, segundo lugar na 2ª Reculuta da Canção Crioula, no início da década de 80, conforme Cattani, está consagrada como o hino do Festival e é um clássico do Rio Grande do Sul. “Não ganhou por um detalhe técnico, mas deveria ter ganho”, opina Cesar, observando que, mesmo não tendo levado o 1º lugar, ficou eternizada pela preferência do público. Em 1989, Zé Cláudio Machado foi o grande vencedor da 6ª Reculuta com a música “Cantar Galponeiro”, no ano em que o Festival passou a ser conduzido pela ACR.
Foto: Antônia Teixeira
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Homenagem
Com a morte do compositor, músico e intérprete José Cláudio Machado abre-se uma lacuna em nossa cultura regionalista.
Dado a sua infância e a juventude vividas no campo, em Tapes, e o aquerenciamento na Fazenda Alto Paraíso, em Guaíba, onde morava, ele era um artista integrado ao meio rural.
Por sua origem e essa vivência da qual nunca abriu mão, José Cláudio se expressava com propriedade, sem exageros no linguajar gauchesco e sem modismos, aos quais nunca aderiu.
Seu verso e sua música nativistas traduzem singular conhecimento dos temas cantados e composições como Pedro Guará e Pelos fazem parte do valioso legado musical que nos deixa, nos encanta e a todos continuará encantando ao longo dos tempos, certamente.
Em nosso sentir, caberia aos responsáveis pela cultura nos municípios onde viveu este mestre do cantar galponeiro e campesino valorizar seu talentoso trabalho artístico, para que o mesmo não se perca e sirva de modelo e inspiração a outros talentosos José Cláudio Machado que vivam anonimamente entre nós.
Carlos Alberto Poeta Carvalho
Publicado em 17/12/11.
Despedida de José Cláudio, no velório realizado na Câmara Munici


pal de Guaíba , FONTE GAZETA CENTRO SUL....

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